Nomenclatura Botânica e Zoológica • Zoologia X Botânica
- 12 de fev. de 2020
- 5 min de leitura
Atualizado: 14 de jul. de 2020
Oi biologuínhos, tudo bem? Hoje trouxemos mais uma vez 2 posts em 1: falaremos de Zoologia e Botânica em apenas um texto, ficando bem fácil e rápido de ler
Muitas vezes, ao estudarmos plantas ou animais, nos deparamos com nomes extremamente complexos e escritos em latim, certo?! Aqui nesse post vamos entender um pouquinho sobre a Nomenclatura Botânica, seguindo o Código Internacional de Nomenclatura Botânica (ICBN) e a Nomenclatura Zoológica, seguindo o Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (ICZN).
Bom, a primeira regra que vale para nomenclatura de qualquer grupo de seres vivos é que todo nome é escrito em latim e você deve estar se perguntando, “mas qual o objetivo de usar esse idioma?” e a resposta é extremamente simples: o latim é usado por ser um idioma “morto”, ou seja, não utilizado atualmente por algum país. Por isso, ele não apresentará nenhum tipo de modificação, então não haverá alterações nos nomes já dados.
O próximo passo então é entender o nome em si: sempre vemos, pelo menos, dois nomes juntos, né?! E, mais uma vez, existe um motivo para isso que, nesse caso, é identificar o gênero e a espécie do ser vivo que estamos falando. Isso é chamado de nomenclatura binomial e foi criado por Linnaeus. O primeiro nome designa o gênero e o segundo é chamado de epíteto específico, que geralmente é algo que remete a alguma característica do ser que está sendo descrito, ou também pode ser alguma homenagem para algo ou alguém (quem descobriu a espécie, local, entre outros). Podemos dar como exemplo um besouro conhecido como Besouro-da-Figueira ou Arlequim, cujo nome científico é Acrocinus longimanus, após vermos uma imagem desse animal já conseguimos ter uma ideia do porquê de seu epíteto específico. Suas patas dianteiras, no caso dos machos, chegam a ultrapassar o dobro do tamanho do corpo!
Acrocinus longimanus
Como exemplo de um epíteto específico usado como homenagem, temos um mamífero já extinto aqui da nossa região, o Taubatherium paulacoutoi. O nome do gênero remete à região na qual ele foi encontrado Formação Tremembé (Bacia de Taubaté). O therium indica que é um mamífero da subclasse Theria. Já o epíteto específico é uma homenagem a um dos maiores paleontólogos do nosso país, Carlos de Paula Couto.
Taubatherium paulacoutoi
Há duas regrinhas que se aplicam a nomenclatura binomial que são muito importantes. A primeira é que o nome científico da espécie sempre deve vir destacado do resto do texto. Geralmente, o destaque é feito utilizando o itálico quando o nome está sendo digitado ou utilizando o sublinhado, quando estamos escrevendo este a mão. A segunda regra é que, o nome do gênero, sempre deve ter sua inicial maiúscula, porém o epíteto específico sempre deve ter sua inicial minúscula, assim como pudemos ver nos exemplos dados no parágrafo anterior.
Todos os táxons acima da espécie, isto é, gênero, família, ordem, classe, filo e reino, são uninomiais, ou seja, designados por uma única palavra. Podemos citar como exemplos a ordem Odonata, que agrupa, por exemplo, as conhecidas libélulas, e o filo Bryophyta, que contém os musgos. Na Botânica, além das regrinhas básicas que já comentamos, temos alguns casos especiais. O primeiro que vamos citar se baseia em quando o autor que identificou a espécie não a publicou oficialmente, fazendo com que outro autor tenha que publicar. Nessa situação observamos “Capparis lasiantha R. Br ex DC. ”, sendo o primeiro nome (R. Br) o autor que identificou e o segundo nome correspondente à quem publicou (nesse caso, DC.). Sendo que, só se destaca do texto o nome da espécie. O nome do(s) autor(es) não é(são) destacado(s)!
Outro caso se destina aos nomes que apresentam dois autores, em que os mesmos podem vir ligados por “et” ou por “&” (Didymopanax gleasonica, Britton et Wilson | Didymopanax gleasonica, Britton & Wilson), enquanto que na Zoologia se utiliza apenas o “&”.
Existem casos de sinonímia, ou seja, pode haver dois nomes descrevendo o mesmo táxon (podemos associar isso ao conceito de sinônimo também, pois há dois nomes designando a mesma coisa!). Assim sendo, essa regra da nomenclatura pode ser observada em “Tsuga canadenses (L) Carr”, que contém o nome do primeiro autor e o nome do autor que corrigiu a nomenclatura da espécie em questão, tendo em vista que pelo Princípio da Prioridade, o nome mais antigo, caso esteja correto, permanece/ é priorizado. Antigamente a mesma planta era foi designada de “Pinus canadenses L.”, porém outro autor percebeu que havia um erro no gênero e o alterou para “Tsuga canadenses (L) Carr”, por isso citamos o primeiro descritor entre parênteses, seguido pelo nome do autor do novo nome.
Plantas híbridas (ou seja, obtidas de um cruzamento forçado entre dois indivíduos de linhagens puras diferentes) também são nomeadas de uma forma especial, como podemos observar nesse exemplo: Mentha aquatica L. X Mentha arvensis L. O sinal de “X” indica o cruzamento entre as duas espécies descritas. Já quando falamos de plantas cultivadas (isto é, populações artificiais mantidas e propagadas pelo homem), seguimos o padrão: Phaseolus vulgaris cv. Rosinha. Então fiquem atentos: sempre que o nome científico vier acompanhado de “cv.” estamos falando de uma planta cultivada!
Agora falando especificamente de animais, nós temos o Código Internacional de Nomenclatura Zoológica, que tem como objetivo “promover a estabilidade e a universalidade dos nomes científicos dos animais e assegurar que o nome de cada táxon seja único e distinto”. Isso significa que, os nomes não devem mudar com frequência (por isso a utilização do latim ou grego), que não pode haver um animal com mais de um nome ou dois animais (ou táxons) com o mesmo nome, pois cada espécie é única! Os princípios dos códigos são parecidos, mas sempre há pequenas diferenças que muitas vezes nem notamos. Separamos alguns pontos interessantes de se saber do ICZN para vocês também:
Há nomes que são TRINOMIAIS, ou seja, designados por três palavras. Nesse caso, o terceiro nome é a subespécie. Temos como exemplo o gorila-do-ocidente, cujo nome da espécie é Gorilla gorilla, e há a subespécie Gorilla gorilla gorilla, conhecida como gorila-ocidental-das-terras-baixas. Outro exemplo dentro dos gorilas (só paraficar mais claro), é a espécie Gorilla beringei, que possui a subespécie Gorilla beringei beringei e a subespécie Gorilla beringei graueri. Também podemos citar o subgênero da espécie em seu nome, usando parênteses. Podemos dar como exemplo um caranguejo chamado Mithraculus (mithrax) sculptus.
Quando queremos dizer quem é o autor da espécie, colocamos o nome científico desta, seguido pelo sobrenome do autor, uma vírgula e o ano em que a espécie foi descrita: Megaptera novaeangliae Gray, 1846 (lembrando que o nome do autor e ano não se deve destacar com itálico ou sublinhado).
E, para finalizar, existe o Princípio da Prioridade na nomenclatura zoológica também! Porém aqui a regra na hora de escrever os nomes é um pouco diferente, olhem só: Quando há dois nomes para a mesma espécie/táxon, também chamamos de sinonímia. Se não houver erro no nome, prevalece o que foi anteriormente publicado (assim como vimos na botânica). Mas, se houver erro, o nome da espécie é modificado, porém o autor a ser citado continua sendo o primeiro que identificou, só que entre parênteses. Há o caso de um caranguejo que foi identificado assim: Grapsus grapsus Latreille, 1803. Porém, após verificarem um erro, seu nome foi corrigido por Rathbun, em 1901, passando a ser chamado de Goniopsis cruentata (Latreille, 1803).
Também há casos de homonímia, que é quando a mesma espécie foi publicada duas vezes, com nomes distintos. Nesse caso, o primeiro a ser publicado permanece e o segundo precisa ser alterado.
Por hoje é isso, esperamos muito que vocês tenham gostado 🙂 Nos vemos na última semana do mês (25/02) com outro assunto incrível, esperamos vocês, hein?! Até lá!
Barbara Mariah Chagas Teberga Estudante de Ciências Biológicas (Licenciatura) Colunista de Zoologia (ZOOLOGIA X BOTÂNICA)
Isabella Aparecida Fonseca Bertoleti
Estudante de Ciências Biológicas (Licenciatura)
Colunista de Botânica (ZOOLOGIA X BOTÂNICA)
Comments